A História da educação de surdos ainda é um campo que precisa ser ampliado, porém alguns teóricos como Eriksson (1998) se propuseram a trazer alguns detalhes históricos sobre a singularidade línguistica dos surdos ao longo da história.
Séculos XVI ao XVIII
A Educação de Surdos era planejada pela família e buscava-se ensinar a falar e/ou escrever. Para isso, os métodos utilizados eram a própria fala, alfabeto manual, sinais, escrita. Os métodos eram secretos, o que dificulta as pesquisas sobre educação de surdos nesse período.
Os primeiros esforços registrados para Educação de Surdos está relacionada a questões sócio-políticas. Visto que os surdos eram proibidos de receber herança, algumas famílias abastadas investiram em tutores (profissionais da área médica e religiosos) para ensinar seus filhos surdos a falar e conseguir manter os bens da família. Pedro Ponce de Leon (1520-1584), nobre espanhol foi um desses tutores. Utilizava um alfabeto manual criado por monges que viviam em silêncio como penitência, para ensinar surdos.
Anos de 1760 a 1880
Charles-Michael de L'Epée - Fundou a primeira escola para surdos no mundo (Instituto de Surdos de Paris), localizada na França. Valorizou a LSF (Língua de Sinais Francesa) que era utilizada pelos surdos de Paris. Reconheceu que os surdos se comunicavam com as mãos. A Escola possibilitou que surdos fora da aristocracia também recebessem ensino secular. Os surdos que se formaram nessa Escola difundiram a Língua de Sinais pelo mundo. L'Epée defendia o método visual espacial.
Thomas Braidwood - (1715-1806) Apesar de focar a educação de surdos através da oralidade, fundou a primeira escola para surdos (Braidwood's Academy for the Deaf and Dumb) na Grã-Bretanha. Ensinava através da escrita e depois as pronúncias das palavras.
Samuel Heinicke - (1727-1790) - Primeiro educador de surdos na Alemanha, também dava ênfase a oralização. Os sinais para ele, seriam uma barreira para que os surdos pudessem se comunicar através da fala. Os primeiros esforços para a recusa efetiva das línguas de sinais germinaram na Alemanha através de Heinicke que defendia o método oral.
Século XIX
Oralismo - Busca a normalidade do surdo. Acredita-se nesse método que o surdo precisa abandonar o método visual e se focar no método oral para conseguir atingir a normalidade. Exclusivamente através desse método o surdo teria como se inserir na sociedade.
Depois de 1880
O oralismo se difundiu na Europa, chegou até nosso país, e, durou até 1960, quando línguistas renomados constataram que as línguas de sinais são línguas naturais. Apesar da proibição, os surdos continuavam a se comunicar em sinais, mesmo que de forma secreta, deixando viva a herança cultural da comunicação via espaço visual.
Crença na "cura" da surdez
Com o advento da tecnologia eletroacústica surgiram os aparelhos de amplificação sonora, os famosos aparelhos auditivos. Muitos começaram a acreditar que a surdez seria eliminada. Nesse período a crença na ciência como motor responsável pelo progresso da civilização estava em voga. Através da ênfase na amplificação do som mais o uso da fala o surdo seria capaz de se comunicar.
Proibição do uso da língua de sinais
As consequências não foram boas. Os surdos foram muito prejudicados resultando em baixo rendimento escolar. A Escola se tornou um ambiente terapêutico com os treinos da fala, diminuindo a ênfase na escolarização e conhecimento dos conteúdos.
Fontes:
CHOI, Daniel.[et al.] Libras. SP, Pearson Prentice Hall, 2011.
https://en.wikipedia.org/wiki/Thomas_Braidwood
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