Parâmetros da Libras - Língua Brasileira de Sinais

 Quais são os cinco parâmetros formativos das Libras? 

1 - A configuração da mão; 

2 - Ponto de articulação ou locação; 

3 - O movimento; 

4 - Orientação/direcionalidade; 

5 - Expressão facial e/ou corporal;

Configuração de mãos: Refere-se à forma e à posição da mão ao fazer um sinal. Cada língua de sinais tem um conjunto específico de configurações de mão que podem alterar o significado do sinal. Essa configuração pode ser realizada com a mão dominante (direita para destros e esquerda para canhotos) ou usando ambas as mãos, conforme o sinal requerido. Os sinais "APRENDER", "SÁBADO" e "LARANJA" compartilham a mesma configuração de mão e são executados na testa e na boca, respectivamente.


Felipe e Monteiro (2007) afirmam que há 64 configurações distintas na Libras, conforme gravura abaixo:



2 - Ponto de articulação ou locação; 

Ponto de articulação: É o local no espaço onde o sinal é produzido em relação ao corpo do sinalizador. Pode ser em frente ao corpo, ao lado, acima da cabeça, etc.

Stokoe identifica a "locação" como um dos três principais elementos formativos da ASL. 

Segundo Friedman (1977, p. 4), o ponto de articulação é a região do corpo, ou uma área específica próxima ao corpo, onde o sinal é realizado. Klima e Bellugi (1979, p. 50) adotam a perspectiva de Stokoe sobre a localização, descrevendo-a como o local de origem do movimento do sinal, ou seja, seu ponto de articulação (PA). 

Na LIBRAS e em outras línguas de sinais estudadas até o momento, o espaço de enunciação engloba todas as áreas ao alcance das mãos onde os sinais são expressos. Dentro dessa área de enunciação, existem pontos específicos conhecidos como "pontos de articulação". Alguns são mais definidos, como a ponta do nariz, enquanto outros têm uma abrangência maior, como a região frontal do tórax, conforme destacado por Ferreira Brito e Langevin (1995). 

O espaço de enunciação é concebido idealmente para situações em que os interlocutores estão frente a frente. No entanto, em cenários específicos, como quando um sinalizador A se comunica com B, posicionado em uma janela de um prédio, o espaço de enunciação pode ser adaptado. O fundamental é que, mesmo nessas circunstâncias, os pontos de articulação mantêm relações relativas à configuração ideal de enunciação.

3 - O movimento; 

Movimento: Alguns sinais permanecem estáticos em um determinado local, enquanto outros envolvem algum tipo de movimento. Nesse contexto, o parâmetro de movimento aborda a maneira como as mãos se deslocam, seja em movimentos lineares, arqueados, circulares, ou com movimentos simultâneos ou alternados entre ambas as mãos. Além disso, este parâmetro também se refere à direção para a qual as mãos estão se deslocando, seja para frente, direita, esquerda, entre outras direções.

Para que ocorra um movimento, é essencial ter um objeto e um espaço definido. Nas línguas de sinais, as mãos do sinalizador representam o objeto, enquanto o espaço de enunciação refere-se à área circundante ao corpo do sinalizador, conforme descrito por Ferreira Brito e Langevin (1995). O movimento é um parâmetro complexo que engloba desde os movimentos internos das mãos até as direções no espaço, como apontam Klima e Bellugi (1979). 

Quanto à natureza do movimento, Ferreira Brito (1990) indica que ele pode ocorrer nas mãos, pulsos e antebraços. Os movimentos direcionais podem ser classificados como unidirecionais, bidirecionais ou multidirecionais. "Maneira" descreve características como qualidade, tensão e velocidade do movimento, enquanto "frequência" se relaciona ao número de vezes que um movimento é repetido. O esquema subsequente apresenta essas categorias. 

Ao examinar o parâmetro de movimento, Wilbur (1987) propôs uma distinção entre movimento de direção ("path movement") e movimento local, também denominado movimento interno da mão. Ele argumentou que essa diferenciação é necessária, pois um sinal pode ter apenas movimento de direção, movimento local ou uma combinação simultânea de ambos.




4 - Orientação/direcionalidade; 

Em termos simples, a orientação refere-se à direção para a qual a palma da mão está voltada ao realizar o sinal. Ferreira Brito (1995, p. 41) identifica seis direções possíveis para a palma da mão na LIBRAS: para cima, para baixo, em direção ao corpo, para a frente, para a direita e para a esquerda.

Alguns sinais compartilham a mesma configuração, ponto de articulação e movimento, variando apenas na orientação da mão. É crucial notar como uma simples alteração nesse parâmetro pode mudar significativamente o sentido do sinal.

Direção

Orientação


Observação: Inicialmente, Stokoe não reconheceu a orientação da palma da mão como um parâmetro separado. No entanto, Battison (1974) e outros pesquisadores subsequentes defenderam a inclusão desse parâmetro na fonologia das línguas de sinais. Isso se deve à identificação de pares mínimos de sinais cujo significado muda exclusivamente pela variação na orientação da palma da mão (Battison, 1974; Bellugi, Klima e Siple, 1975). 



5 - Expressão facial e/ou corporal;

Nas línguas de sinais, as expressões faciais têm duas funções principais: 1- refletir emoções e 2- indicar estruturas gramaticais específicas, como orações relativas. Isso distingue as línguas de sinais, já que as expressões faciais possuem tanto funções linguísticas quanto afetivas. A distinção entre essas duas funções levanta questões sobre o controle neural da linguagem e outras funções não-linguísticas, como a especialização dos hemisférios cerebrais. Na ASL, há diferenças claras entre as expressões faciais usadas para propósitos linguísticos e afetivos. Enquanto as expressões faciais linguísticas na ASL são categorizadas e regidas pelas regras do sistema linguístico, as expressões afetivas são mais variáveis e contínuas em sua natureza.

Também referidos como elementos não manuais, esses componentes englobam expressões faciais, postura corporal, gestos da cabeça, olhares, entre outros. Por exemplo, para indicar irritação com algo ou alguém, pode-se não necessitar de nenhum sinal específico, bastando a expressão facial. Da mesma forma, ao responder "sim" ou "não" em uma pergunta, o simples movimento da cabeça pode ser suficiente. Esses são exemplos simplificados desse parâmetro. No entanto, ao conversar em Libras, é essencial combinar esses componentes não manuais com sinais adequados para transmitir a mensagem de forma clara.






Fonte:

https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoBasica/foneticaEFonologia/scos/cap15009/8.html
https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoBasica/foneticaEFonologia/scos/cap15009/9.html
https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoBasica/foneticaEFonologia/scos/cap15009/10.html
https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/linguaBrasileiraDeSinaisI/scos/cap18717/1.html
https://www.libras.com.br/os-cinco-parametros-da-libras


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